quarta-feira, 18 de junho de 2014

Brasil está no 72º lugar em ranking de educação

O Brasil aparece em 72 lugar, atrás de Peru, Equador e Jamaica, num ranking de 127 países em que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) analisa os avanços em direção a quatro metas educacionais: universalização da educação primária, redução de 50% do analfabetismo adulto, evasão após a 5 série e igualdade de acesso à escola para meninos e meninas. O documento foi divulgado ontem em Brasília e mostra que 103,5 milhões de crianças em idade escolar no mundo estão fora das salas de aula, enquanto as nações ricas relutam a liberar recursos para diminuir o problema nos bolsões de miséria do planeta.
A Unesco divulgou classificação semilar em 1998, mas o Brasil não era citado — o que torna impossível saber se o país melhorou ou piorou. O Brasil está no grupo intermediário de 51 países que, segundo a Unesco, até 2015 só atingirão parte das metas estabelecidas para o período no Fórum Mundial de Educação, em Dacar, no Senegal, em 2000. Argentina (23), Cuba (30) e Chile (38) estão no grupo de 41 países já próximos de atingir as metas. Outros 35 países, a maioria da África, além de Índia (105) e Paquistão (123), dificilmente cumprirão a meta.

O Relatório Mundial de Monitoramento sobre Educação para Todos 2005 reúne dados de 2001 e 2002. Ou seja, reflete a realidade do fim do governo Fernando Henrique. O aumento do número de crianças matriculadas é motivo de elogio, e a universalização do ensino primário, uma das seis metas determinadas em Dacar —- e uma das quatro a compor o ranking da Unesco — será atingida pelo país.

O problema é que as crianças vão para a escola, mas pouco aprendem. E boa parte não avança além da 5 série. O relatório mostra isso de forma clara. Considerando apenas o índice de matrículas no ensino fundamental, o Brasil ocupa a 32 posição no ranking, isto é, está no grupo de elite. No item evasão após a 5 série, porém, o país aparece em 87. No quesito analfabetismo de cidadãos de 15 anos ou mais, que afeta 11,8% da população brasileira em 2002, está em 67 lugar. E fica em 66 na igualdade de acesso para meninos e meninas: as mulheres são maioria nas salas de aula brasileiras. O resultado geral é a 72 posição no ranking.

— A classificação foi justa. Mas o resultado não é da história do atual governo, nem do governo anterior, e sim de sucessivos governos que não tinham o sentido republicano estratégico, que não consideravam a educação um bem público essencial — disse o ministro da Educação, Tarso Genro.

Unesco fez comparação de gastos com o PIB

A Unesco também divulgou dados dos gastos com ensino proporcionalmente ao PIB (Produto Interno Bruto). De um grupo de 16 na América Latina, o Brasil está em nono, com 4,2% do PIB destinado à educação, imediatamente atrás do Panamá (4,5%), da Colômbia (4,6%) e da Argentina (4,7%). Cuba aparece em primeiro lugar, com 8,7%, seguido pela Bolívia, com 6,2%.

O diretor-geral da Unesco, Koïchiro Matsuura, cobrou dos países desenvolvidos verbas para projetos em nações pobres. A Unesco estima que seriam necessários pelo menos US$ 5,6 bilhões por ano até 2015 para universalizar o ensino primário.

(O Globo – O País – 9/11/04)

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