quarta-feira, 24 de junho de 2015

Escola em Paraty (RJ) aboliu provas, disciplinas e séries há um ano

Por Daniel Froes | 17 de junho de 2015 


A escola é pequena, tem apenas 50 alunos. Mas, a sua capacidade de inovar na maneira de ensinar é grandiosa. Há um ano, a Escola Comunitária Cirandas, em Paraty (RJ), trabalha com um método de ensino sem matérias, provas ou séries. Nem sinal de recreio existe. 

As crianças chegam ao colégio às 8h e participam de uma roda de cantos, poesias e tai chi chuan “para despertar o corpo”, diz a diretora da escola, Mariana Benchimol, em entrevista para a Folha de S. Paulo. Elas só voltam para suas casas às 15h20. 

A escola possui uma sala de iniciação, onde os alunos são alfabetizados, e outra de projetos, reservada para as atividades semanais. Na hora da refeição, eles servem e lavam os próprios pratos, se revezando na organização do refeitório. Os estudantes também participam de projetos anuais, como acontece nas escolas da Finlândia, reconhecida mundialmente pela excelência na educação. 

No ano passado, a direção da escola e as crianças planejaram uma viagem para o Havaí. “Primeiro, eles queriam surfar no Havaí, mas viram que não seria viável e organizaram uma viagem para uma praia perto”, relembra a diretora. Eles calcularam custos, arrecadaram fundos e escreveram o roteiro da viagem.

Mariana acredita que o ensino tradicional desconsidera as diferenças entre os estudantes e que seguir uma apostila pré-elaborada fere a autonomia da criança. “Aqui, o professor tem um planejamento que não é uma grade. Ele ouve as crianças e traz o conteúdo curricular de forma transversal”, reflete. 

Os alunos são divididos por afinidade de conhecimentos, maturidade, idade ou por projetos. E todos eles pertencem a um único ciclo, que corresponde ao 1º e ao 5º ano do ensino fundamental.

 E, mesmo que não haja provas, as crianças são avaliadas. A escola conta com uma base interna para acompanhar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). 

O valor da mensalidade de que quem paga para estudar na escola é de R$ 1.000,00 reais. Mas, metade das vagas é reservada para alunos bolsistas. “Temos filhos de banqueiros convivendo com filhos de trabalhadores domésticos. Alguns viraram melhores amigos e frequentam a casa um do outro”, diz orgulhosa a diretora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário